Dragão-de-komodo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
dragão-de-komodo
Estado de conservação
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Sauria
Família: Varanidae
Género: Varanus
Espécie: V. komodoensis
Nome binomial
Varanus komodoensis
Ouwens, 19121
Distribuição geográfica
Dragão-de-komodo ou crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis) é uma espécie de lagarto que vive nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia.2 Pertence à família de lagartos-monitores Varanidae, e é a maior espécie de lagarto conhecida, chegando a atingir 2–3 m de comprimento e 70 kg de peso. O seu tamanho invulgar é atribuído a gigantismo insular, uma vez que não há outros animais carnívoros para preencher o nicho ecológico nas ilhas onde ele vive, e também ao seu baixo metabolismo.3 4 Como resultado deste gigantismo, estes lagartos, juntamente com as bactérias simbiontes, dominam o ecossistema onde vivem.5 Apesar dos dragões-de-komodo comerem principalmente carniça, eles também caçam e fazem emboscadas a presas incluindo invertebrados, aves e mamíferos.
A época de reprodução começa entre maio e agosto, e os ovos são postos em setembro. Cerca de vinte ovos são depositados em ninhos de Megapodiidae abandonados e ficam a incubar durante sete a oito meses, e a eclosão ocorre em abril, quando há abundância de insectos. Dragões-de-komodo juvenis são vulneráveis e, por isso, abrigam-se em árvores, protegidos de predadores e de adultos canibais. Demoram cerca de três a cinco anos até chegarem à idade de reprodução, e podem viver até aos cinquenta anos. São capazes de se reproduzir por partenogénese, no qual ovos viáveis são postos sem serem fertilizados por machos.
Os dragões-de-komodo foram descobertos por cientistas ocidentais em 1910. O seu grande tamanho e reputação feroz fazem deles uma exibição popular em zoológicos. Na natureza, a sua área de distribuição contraiu devida a actividades humanas e estão listadas como espécie vulnerável pela UICN. Estão protegidos pela lei da Indonésia, e um parque nacional, o Parque Nacional de Komodo, foi fundado para ajudar os esforços de protecção.
O dragão-de-komodo é conhecido, para os nativos da ilha de Komodo, como ora, buaya darat (crocodilo da terra) ou biawak raksasa (monitor gigante).6 7
Índice [esconder]
1 Descrição
1.1 Sentidos
2 Evolução
3 Ecologia
3.1 Dieta
3.2 Veneno e bactérias
3.3 Reprodução
3.4 Partenogénese
4 História
4.1 Descoberta pela cultura Ocidental
4.2 Estudos
5 Preservação
5.1 Em cativeiro
6 Ver também
7 Fonte
8 Referências
[editar]Descrição
Detalhe da pele de um dragão-de-komodo.
Robusto e com aparência de dinossauro, pode medir até 3 m de comprimento e pesar até 100 kg. A cor de sua pele é cinzenta e marrom. Sua dieta baseia-se em porcos selvagens (javalis), cabras, veados, búfalos, cavalos, macacos, dragões-de-komodo menores, insectos e até seres humanos. Também se alimenta de carniça de animais e, com o seu faro, pode localizar uma carcaça de animal a quilômetros de distância, sendo capaz de devorá-la por completo.
Cada uma das quatro patas do dragão-de-komodo possui cinco garras. No interior de sua mandíbula habitam bactérias letais, sendo que os animais que conseguem escapar de suas garras acabam morrendo por infecções. Para se alimentar de animais vivos, o dragão derruba a sua vítima com a sua cauda e depois corta-o em pedaços com os dentes. Quando trata-se de animal grande, como um búfalo, o dragão ataca-o sorrateiramente com uma mordida e espera o animal morrer pela infecção produzida pelas bactérias. O lagarto segue a vítima durante algum tempo até que a infecção se encarrega de prostrá-la, quando é então calmamente devorada. Costuma comer primeiro a língua e as entranhas, suas partes preferidas.
São ovíparos, colocando de quinze a trinta e cinco ovos por fêmea, na areia, ao final da estação das chuvas. Os ovos abrem-se depois de seis a oito semanas. Ao nascer, os pequenos dragões têm de 20 a 25 cm de comprimento. Vivem, em média, cinquenta anos. Nas ilhas onde são encontrados, os dragões-de-komodo são uma grande atração turística, apesar de haver registro da morte de um turista atacado por um dragão. Entretanto, normalmente não são animais agressivos, já que os habitantes locais convivem com eles diariamente nas praias.
dragões-de-komodo.
Existem outras espécies de lagartos gigantes, como o Varanus griseus, que é um animal terrestre, e o Varanus niloticus, que é um réptil com hábitos anfíbios, passando boa parte de sua vida na água. Vivem na África, sul da Ásia, Indonésia e Austrália. Variam muito de tamanho. O menor deles apresenta apenas 20 cm de comprimento.
Dois casos de partenogénese desta espécie foram documentados em 2006.8 9 10
[editar]Sentidos
Um dragão-de-komodo a apanhar sol.
O dragão-de-komodo usa a sua língua para detectar estímulos de sabor e cheiro, tal como em muitos outros répteis, com o sentido vomeronasal usando o órgão de Jacobson, um sentido que ajuda a navegação no escuro.11
Um dragão-de-komodo na Ilha Komodo usa a língua para amostrar o ar.
Com a ajuda de um vento favorável e do seu hábito de balançar a cabeça de um lado para o outro enquanto anda, os dragões-de-komodo são capazes de detectar carcaças a uma distância de 4-9,5 km12 .13
As narinas do dragão não são úteis para cheirar, pois estes animais não têm diafragma.12 14 Apresentam apenas algumas papilas gustativas na parte de trás da sua garganta.11 As escamas, algumas reforçadas com osso, têm placas sensoriais ligadas a nervos que facilitam o sentido do tacto. As escamas à volta das orelhas, lábios, queixo e das solas dos pés podem ter três ou mais placas sensoriais.12
O dragão-de-komodo não possui um sentido da audição particularmente apurado, apesar do canal auditivo ser bem visível, e é só capaz de ouvir sons entre os 400 e os 2000 hertz15 .7 É capaz de ver até aos 300 m mas, como as suas retinas só possuem cones, julga-se que tenham má visão nocturna. O dragão-de-komodo é capaz de ver a cores, mas tem pouca discriminação visual de objectos estacionários.13
Anteriormente, pensava-se que o dragão-de-komodo era surdo, pois um estudo relatou ausência de agitação em dragões-de-komodo selvagens em resposta a sussurros, vozes alta ou gritos. Isto foi contestado quando Joan Proctor, empregada do Zoológico de Londres, treinou uma espécime em cativeiro para sair da sua toca à espera de comida, depois de ouvir a sua voz e mesmo que ele não a conseguisse ver.16
[editar]Evolução
O desenvolvimento evolutivo do dragão-de-komodo teve início com o género Varanus, que se originou na Ásia há cerca de 40 milhões de anos e migrou para a Austrália. Há cerca de 15 milhões de anos, uma colisão entre a Austrália e o Sudoeste Asiático permitiu que os varanídeos se deslocassem para o que é agora o arquipélago indonésio. Crê-se que o dragão-de-komodo se diferenciou dos seus ancestrais australianos há 4 milhões de anos, estendendo a sua área de distribuição para Este até à ilha de Timor. O fim da Idade do Gelo, com a subida dramática do nível da água do mar, formou as ilhas onde os dragões-de-komodo habitam, isolando-os nas sua área de distribuição actual7
[editar]Ecologia
Grande plano do pé e cauda de um dragão-de-komodo.
O dragão-de-komodo prefere lugares quentes e secos e tipicamente vive em zonas de pasto abertos, savana e floresta tropical em elevações baixas. Sendo um animal ectotérmico (pecilotérmico), está mais activo durante o dia, apesar de exibir alguma actividade nocturna. Os dragões-de-komodo são maioritariamente solitários, juntando-se com outros apenas para acasalar e comer. São capazes de correr rapidamente em curtos disparos, até 20 km por hora, mergulhar até 4,5 m e trepar a árvores enquanto novos usando as suas garras.17 Para apanhar presas que estão fora do alcance, os dragões-de-komodo pode erguer-se nas suas patas traseiras e usar a sua cauda como apoio.16 Quando o dragão-de-komodo atinge o estado adulto, as suas garras são usadas primariamente como armas, pois o seu grande tamanho faz com que trepar a árvores não seja prático.12
O dragão-de-komodo, para se abrigar, cava buracos com os seus membros anteriores e garras, que podem medir de 1 a 3 m de largura.18 Devido ao seu grande tamanho, e hábito de dormir nestas covas, é capaz de conservar o calor corporal durante a noite diminuindo o tempo que precisam de estar ao sol para manter a temperatura corporal no dia seguinte.19 O dragão-de-komodo caça tipicamente durante a tarde, mas permanece na sombra durante a parte mais quente do dia.20 Estes locais de repouso especiais, normalmente localizados em falésias expostas à brisa fria do mar, são marcados com fezes e a vegetação é eliminada. Servem também como local estratégico de onde emboscar veados.21
[editar]Dieta
dragões-de-komodo em Rinca.
Os dragões-de-komodo são carnívoros. Apesar de comerem principalmente carniça,3 também emboscam presas vivas com um ataque furtivo. Quando presas adequadas chegam perto de um local de emboscada de um dragão, este irá subitamente à carga sobre o animal e tentará atingir a parte de baixo da garganta.12 É capaz de localizar a sua presa através do seu olfacto apurado, que consegue localizar um animal morto ou moribundo até uma distância de 9,5 km.12 Também já foram observados a deitar abaixo grandes porcos e veados com a sua cauda.22
Estes animais comem rasgando pedaços grandes de carne e engolindo-os inteiros enquanto seguram a carcaça com as patas anteriores. Para presas pequenas (até ao tamanho de uma cabra), conseguem engoli-las inteiras, usando as suas mandíbulas pouco articuladas, crânio flexível e estômago expansível. O conteúdo vegetal do estômago e intestinos são tipicamente evitados.21 Quantidades copiosas de saliva vermelha produzida pelos dragões-de-komodo ajudam a lubrificar a comida, mas ainda assim a deglutição demora muito tempo (15-20 minutos para engolir uma cabra). Os dragões-de-komodo tentam por vezes acelerar o processo espetando a carcaça contra uma árvore para forçá-las a descer a sua garganta, chegando a deitar árvores abaixo.21 Para prevenir que sufoquem enquanto engolem, respiram usando um tubo pequeno debaixo da língua que se liga ao pulmão.12 Depois de comerem até 80 por cento do seu peso corporal numa refeição,5 arrasta-se até um sítio soalheiro para acelerar a digestão, pois a comida pode apodrecer e envenená-los se deixada por digerir muito tempo. Devido ao seu metabolismo lento, dragões grandes podem sobreviver com apenas 12 refeições por ano.12 Depois da digestão, o dragão-de-komodo regurgita uma massa de cornos, cabelo e dentes, que está coberto num muco mal-cheiroso. Depois da regurgitação, esfrega a cara na poeira ou nos arbustos para se livrar do muco, sugerindo que, tal como os humanos, não aprecia o cheiro das suas próprias excreções.12
Jovem dragão-de-komodo em Rinca alimentando-se de uma carcaça de búfalo-asiático.
Os animais maiores geralmente comem primeiro, enquanto os mais pequenos seguem uma hierarquia. O macho maior afirma a sua dominância e os machos mais pequenos mostram a sua submissão usando linguagem corporal e silvos. Dragões de tamanho igual podem recorrer a uma "luta livre". Os vencidos normalmente retiram-se, apesar de alguns já terem sido observados a ser mortos e comidos pelos vencedores.12
A dieta do dragão-de-komodo é abrangente e inclui invertebrados, outros répteis (incluindo dragões mais pequenos), aves, ovos de aves, pequenos mamíferos, macacos, javalis, cabras, veados, cavalos e búfalos.23 Komodos juvenis comem insectos, ovos, osgas, e pequenos mamíferos3 Ocasionalmente, também podem consumir humanos e cadáveres de humanos, escavando corpos de sepulturas pouco fundas.16 Este hábito de saltear sepulturas fez com que os habitantes de Komodo movessem os seus cemitérios de solos arenosos para argilosos e que empilhassem rochas em cima delas para impedir os lagartos.21 Os dragões-de-komodo podem ter evoluído para se alimentarem do elefante-pigmeu Stegodon que chegou a viver em Flores, de acordo com o biólogo evolutivo Jared Diamond.24 Estes animais também já foram observados a assustar intencionalmente um veado fêmea na esperança de provocar um aborto espontâneo cujos restos pudessem ser comidos, uma técnica que também já foi observada em grandes predadores africanos.24
Como os dragões-de-komodo não tem diafragma, não conseguem sugar água quando bebem, nem lambê-la com a língua. Em vez disso, eles bebem enchendo a boca com água, levantando a cabeça e deixando que a água desça pela garganta.12
[editar]Veneno e bactérias
Um dragão-de-komodo a dormir. Note as garras curvadas e compridas, usadas em lutas e na alimentação.
Em finais de 2005, investigadores da Universidade de Melbourne concluiram que o Varanus giganteus, uma outra espécie de monitor, e Agamidae podem ser venenosos. Pensava-se que mordeduras feitas por estes lagartos propiciavam infecções por causa das bactérias presentes na boca dos animais, mas a equipe de pesquisa mostrou que os efeitos imediatos eram causados por envenenamento ligeiro. Mordeduras em dedos de humanos por Varanus varius, um dragão-de-komodo e por um Varanus scalaris foram observadas, e todas produziram resultados semelhantes em humanos: inchaço rápido no espaço de minutos, interrupção localizada da coagulação do sangue, dor fulminante até ao cotovelo, alguns sintomas durando várias horas.25
Os dragões-de-komodo possuem também bactérias virulentas na sua saliva, das quais foram isoladas mais de 28 estirpes Gram-negativas e 29 Gram-positivas.26 Estas bactérias provocam septicémia nas suas vítimas; se uma mordidela inicial não matar a presa e ela escapa, irá normalmente sucumbir no espaço de uma semana devido à infecção resultante. As bactérias mais mortíferas na saliva destes animais parecem ser uma estirpe altamente mortífera de Pasteurella multocida, segundo estudos realizados com ratos de laboratório.27 Não há nenhum antídoto específico para as mordeduras de dragões, mas é normal sobreviver-se, se a área afectada for limpa e o paciente for tratado com antibióticos. Se não for tratado rapidamente, pode desenvolver-se gangrena à volta do local ferido, o que pode requerer que a área afectada seja amputada. Como estes lagartos parecem ser imunes aos seus próprios micróbios, muita pesquisa tem sido feita à procura da molécula antibacteriana na esperança que seja útil para a medicina humana.28
[editar]Reprodução
O acasalamento ocorre entre Maio e Agosto, sendo os ovos postos em Setembro.7 Durante este período, os machos lutam pelas fêmeas e território agarrando-se um ao outro enquanto estão levantados nas patas posteriores. O perdedor é eventualmente deitado ao chão. Estes machos podem vomitar ou defecar enquanto se preparam para a luta.16 O vencedor da luta irá depois mostra a língua à fêmea para receber informação sobre a sua receptividade.5 As fêmeas são antagonistas e resistem com as suas garras e dentes durante as primeiras fases do cortejo. Por isso, o macho tem de prender a fêmea totalmente durante o coito para evitar ferir-se. Outras cerimónias de acasalamento incluem machos esfregando o seu queixo na fêmea, arranhadelas nas costas e lambidelas.29 A copulação ocorre quando o macho inserte um dos seus hemipénis na cloaca da fêmea.13 Os dragões-de-komodo podem ser monógamos e formar um par estável, um comportamento raro em lagartos.16
Nesta imagem, a cauda longa e as garras são claramente visíveis.
A fêmea põe os seus ovos em tocas escavados nas vertentes de uma elevação ou em ninhos abandonados de Megapodius reinwardt, com preferência para os ninhos abandonados.30 A postura normalmente consiste de uma média de 20 ovos que estiveram em incubação durante 7 a 8 meses.16 A fêmea deita-se em cima dos ovos para os incubar e proteger até que eclodem por volta de Abril, no fim da época chuvosa quando há abundância de insectos. Para os juvenis, a saída da casca é um processo cansativo. Eles usam um dente especial que cai passado pouco tempo. Depois de cortarem a casca, os lagartos recém-eclodidos permanecem dentro da casca durante algumas horas antes de escavarem para fora do ninho.12 Jovens dragões-de-komodo passam grande parte dos seus primeiros anos em árvores, onde estão a salvo de predadores, incluindo adultos canibalescos, que fazem de dragões juvenis 10% da sua dieta.16 Segundo David Attenborough, o hábito de canibalismo pode ser vantajoso em suster o tamanho grande dos adultos, pois presas de tamanho médio são raras na ilha.22 Quando um jovem tem de aproximar-se de uma presa, rebolam em fezes e descansa em cima de intestinos de animais esvicerados para deter estes adultos esfomeados16 Os dragões-de-komodo tomam cerca de três ou cinco anos a se tornarem maduros, e podem viver até aos 50 anos.18
[editar]Partenogénese
Ver artigo principal: Partenogénese
Uma dragão-de-komodo no Zoológico de Londres chamada Sungai fez uma postura de ovos no fim de 2005 depois de estar separada de qualquer companhia masculina durante mais de dois anos. Os cientistas assumiram inicialmente que ela tinha sido capaz de armazenar esperma desde o seu contactos anteriores com um macho, uma adaptação conhecida como superfecundação.31 A 20 de Dezembro de 2006 foi relatado que Flora, uma dragão-de-komodo que vivia no Zoológico de Chester de Inglaterra, era a segunda dragão-de-komodo que fez uma postura de ovos não-fertilizados: ela pôs 11 ovos, sete dos quais eclodiram, todos eles machos.32 Cientistas de Universidade de Liverpool no Norte de Inglaterra fizeram testes genéticos aos três ovos que colapsaram quando foram transferidos para uma incubadora, e verificaram que a Flora não tinha tido contacto físico com um dragão macho. Após ser descoberta a condição dos ovos de Flora, testes mostraram que os ovos de Sungai também tinham sido produzidos sem fertilização externa.33
dragão-de-komodo partenogénico bebé, Zoológico de Chester, Inglaterra
Estes animais tem o sistema de determinação do sexo ZW em contraste com o sistema XY presente nos mamíferos. O facto de só terem nascido machos, mostra que os ovos não-fertilizados eram haplóides (n) e que duplicaram os seus cromossomas mais tarde para se tornarem diplóides (2n) (sendo fertilizados por um corpo polar, ou por duplicação dos cromossomas sem divisão celular, ao invés de ela por ovos diplóides por falha de uma das divisões meióticas reductores). Quando uma dragão-de-komodo fêmea (com os cromossomas sexuais ZW) se reproduz dessa maneira, fornece à sua prole apenas um cromossoma de cada par que possui, incluindo apenas um dos seus dois cromossomas sexuais. Este conjunto singular de cromossomas é duplicado no ovo, que se desenvolve partongeneticamente. Ovos que recebem um cromossoma Z tornam-se ZZ (macho); os que recebem um cromossoma W tornam-se WW e não se desenvolvem.34 35
Foi sugerido que esta adaptação reprodutora permite que uma fêmea sozinha entre num nicho ecológico isolado (tal como uma ilha) e produzem machos por partenogénese, estabelecendo assim uma população capaz de se reproduzir sexualmente (através de reprodução com os seus descendentes que pode resultar na produção tanto de machos como de fêmeas).34 Apesar das vantagens de tal adaptação, os zoológicos estão avisado que a partenogénese é prejudicial para a diversidade genética,36 devida à óbvia necessidade de cruzamento entre a única fêmea mãe com os seus descendentes macho.
Em 31 de janeiro de 2008, o Zoológico de Sedgwick County, em Wichita, no Kansas, tornou-se o primeiro da América a documentar partenogénese em dragões-de-komodo. O zoológico tem duas fêmeas adultas, uma das quais pos 17 ovos em Maio de 2007. Só dois destes ovos foram incubados e eclodiram por falta de espaço; o primeiro nasceu em 31 de Janeiro de 2008 enquanto que o segundo saiu a 11 de Fevereiro. Ambos eram machos.37 38
Mundo dos animais
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Leão-marinho
Origeão-marinhom: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Leões-marinhos na costa do Chile.
Estado de conservação
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Carnivora
Superfamília: Pinnipedia
Família: Otariidae
Subfamília: Otariinae
Género: Otaria
Espécie: O. flavescens
Nome binomial
Otaria flavescens
( Shaw, 1800)
O leão-marinho é um mamífero que vive em regiões de baixas temperaturas e alimenta-se principalmente de peixes (como o cherne e o arenque) e de moluscos.
Os leões-marinhos receberam este nome pois nos machos apelagem é diferente da das fêmeas: eles têm uma espécie de juba, como os leões. Além disso, como eles têm um rugido grave, acabaram sendo chamados de "leão".
A gestação de uma leoa-marinha dura em torno de 12 meses. Os filhotes chegam a medir 40 cm e, pelo fato de nascerem em terra, só aprendem a nadar depois de 2 meses de vida.
Os leões-marinhos já estiveram muito próximos da extinção. Entre 1917 e 1953, mais de meio milhão desses animais foi abatido por caçadores em busca de sua gordura e de seu couro, usado sobretudo na confecção de casacos. Com a proibição da caça, esses animais, que chegam a pesar 300 quilos e a atingir 3 metros de comprimento (fêmea 140 kg e os machos 300 kg), começaram a se recuperar. Mesmo assim, ainda sofrem com a poluição das águas e, principalmente, com a pesca realizada com redes. Seus maiores predadores são o homem, as orcas, e os tubarões.
Existem várias espécies de leões-marinhos. Algumas espécies são domesticadas pelos jardins zoológicos de todo o mundo para realizarem espetáculos de animação. Leão-marinho-da-patagônia, e leão-marinho-da-califórnia são exemplos de espécies que podem ser domesticadas.
domingo, 28 de abril de 2013
o gnu
O gnu é um grande mamífero ungulado do gênero Connochaetes, que inclui duas espécies, ambas nativas do continente africano. Também é conhecido como boi-cavalo e como guelengue. Os gnus pertencem à família dos bovídeos (Bovidae), que inclui bovinos, caprinos, bubalinos, antílopes e outros mamíferos ungulados. Podem correr até 80 km/h para fugir dos predadores. Já em defesa da cria, como instinto, a mãe gnu, em fúria, é capaz de enfrentar guepardos, hienas e até mesmo leões, com seus chifres e coices. A gestação é em média de 260 dias, nascendo apenas uma cria. Vivem em grandes manadas, e pastam pelas savanas. Sua altura é em torno de 1,50 a 2,50 metros, e pesam em média de 250 Kg. Vivem em torno de 20 anos.
Índice [esconder]
1 Etimologia
2 Predadores
3 Espécies
4 Referências
[editar]Etimologia
Gnu.
"Gnu" vem do boximane nqu, através do inglês gnu ou do francês gnou1 .
[editar]Predadores
Nas savanas africanas, os gnus são vítimas constantes dos leões, leopardos, hienas e cães selvagens africanos (também conhecidos por mabecos). Esses carnívoros preferem aqueles que estão doentes, os velhos, os que se isolam da manada e os que morrem naturalmente.
[editar]Espécies
Connochaetes gnou
Connochaetes taurinus - gnu-azul
Referências
↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.855
Este artigo sobre artiodáctilos, integrado no Projeto Mamíferos é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
o bufalo
Os búfalos são animais domésticos da família dos bovídeos, de origem asiática, utilizados para produzir carne e leite para consumo humano.
São classificados na sub-família Bovinae, gênero Bubalus, sendo divididos em dois grupos principais: o Bubalus bubalis com 2n=50 cromossomos, também conhecidos como "River Buffalo" búfalo-do-rio, e o Bubalus bubalis var. kerebau ou Carabao com 2n=48 cromossomos, composto por apenas uma raça, conhecida como "Swamp Buffalo" búfalo-do-pântano.1
O búfalo doméstico nada tem a ver com as espécies selvagens e agressivas do Bisão ou Búfalo Americano, Bos bison bison com 2n=60 cromossomos, nem com o Búfalo Africano, Syncerus caffer caffer, com 2n=52 cromossomos e pertence ao grupo dos big five). O período de gestação dos bubalinos pode variar de 278 a 311 dias, mais ou menos 9 a 10 meses, dependentes da região e da raça considerada.2
No Brasil, são reconhecidas pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos quatro raças: Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi (búfalo-do-rio) e Carabao (búfalo-do-pântano).3 Os animais da raça Mediterrâneo têm origem italiana, possuem aptidão tanto para produção de carne quanto de leite, têm porte médio e são medianamente compactos.
Búfalos em Taiwan.
A raça Murrah, de origem indiana, apresenta animais com conformação média e compacta, cabeças leves e chifres curtos, espiralados enrodilhando-se em anéis na altura do crânio. Jafarabadi, também indiana, é a raça menos compacta e de maior porte, apresenta chifres longos e de espessura fina, com uma curvatura longa e harmônica. A raça Carabao é a única adaptada às regiões pantanosas, e está concentrada na ilha de Marajó, no Pará; teve sua origem no norte das Filipinas, apresenta pelagem mais clara, cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, porte médio e capacidade para produção de carne e leite, além de serem bastante utilizados como força motriz.
Búfalo da raça Murrah
Os Bubalinos têm temperamento dócil, o que facilita sua criação e manejo e se adaptam bem às condições ambientais úmidas. Como sua pele é preta com poucos pêlos também pretos, sofrem muito quando estão sob a luz do sol e, o que agrava ainda mais é a dificuldade que os bubalinos têm de dissipar o calor extracorpóreo, em função do reduzido número de glândulas sudoríparas. Por esse motivo, em seu ambiente criatório, ele necessita de açude ou lago para ficar mergulhado nas horas mais quentes do dia, tendo ainda como coadjuvante para a sua perfeita regulação térmica corpórea, áreas de sombra.
Referências
↑ SaúdeAnimal.com Búfalos
↑ The Husbandry and Health of The Domestic Buffalo - FAO - Food and Agriculture Organization of The United Nations.
↑ Associação Brasileira de Criadores de Búfalos
sexta-feira, 29 de março de 2013
a anta
Tapirídeos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Anta[1]
Ocorrência: Eoceno–Recente
PreЄ
ЄOSDCPTJKPgN
Tapirus terrestris
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Família: Tapiridae
Gray, 1821
Género: Tapirus
Brünnich, 1772
Espécies
Tapirus bairdii
Tapirus indicus
Tapirus pinchaque
Tapirus terrestris
Sinónimos
Família sinônima[Expandir]
Nota: Este artigo é sobre o mamífero sul-americano. Para o monumento megalítico, veja Dólmen. Para outros significados, veja Anta (desambiguação).
A família Tapiridae é um grupo de mamíferos da ordem Perissodactyla que habita a América Central, a América do Sul e o sul da Ásia e são conhecidos popularmente por anta. São os maiores mamíferos da América do Sul. Pertencem a mesma ordem dos cavalos e possui um parentesco mais próximo aos rinocerontes.
A anta chega a pesar trezentos quilogramas. Tem três dedos nos pés traseiros e um adicional, bem menor, nos dianteiros. Tem uma tromba flexível, preensil e com pelos, que sente cheiros e umidade. Vive perto de florestas úmidas e rios: toma, frequentemente, banhos de água e lama para se livrar de carrapatos, moscas e outros parasitas.
Herbívora monogástrica seletiva, come folhas, frutos, brotos, ramos, plantas aquáticas, grama e pasto. Pode ser vista se alimentando até em plantações de cana-de-açúcar, arroz, milho, cacau e melão. Passa quase dez horas por dia forrageando em busca de alimento. De hábitos noturnos, esconde-se de dia na mata, saindo à noite para pastar.
De hábitos solitários, são encontrados juntos apenas durante o acasalamento e a amamentação. A fêmea tem geralmente apenas um filhote, e o casal se separa logo após o acasalamento. A gestação dura de 335 a 439 dias. Os machos marcam território urinando sempre no mesmo lugar. Além disso, a anta tem glândulas faciais que deixam rastro.
Quando ameaçada, mergulha na água ou se esconde na mata. Ao galopar, derruba pequenas árvores, fazendo muito barulho. Nada bem e sobe com eficiência terrenos íngremes. Emite vários sons: o assobio com que o macho atrai a fêmea na época do acasalamento, o guincho estridente que indica medo ou dor, bufa mostrando agressão e produz estalidos.
Índice [esconder]
1 Etimologia
2 Espécies
2.1 Iniciativas para Preservação
3 Imagens
4 Referências
5 Fontes
[editar]Etimologia
"Anta" origina-se do termo árabe lamTa[2].
[editar]Espécies
Tapirus terrestris
Tapirus bairdii
Tapirus pinchaque
Tapirus indicus
[editar]Iniciativas para Preservação
Tapir Specialist Group Filiado à IUCN.
[editar]Imagens
Filhote de anta.
Tapirback's Home Site pela preservação da anta, com muitas fotos sobre as quatro espécies.
Internetová encyklopedie savcù
Wirbeltiere
Referências
↑ Grubb, Peter. In: Wilson, Don E., and Reeder, DeeAnn M., eds. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3rd ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2 vols. (2142 pp.). Capítulo: Order Perissodactyla (pp. 629–636), p. 306. ISBN 978-0-8018-8221-0 (OCLC 62265494)
↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.127
[editar]Fontes
Artigos na Wikipédia em inglês: Tapir, Brazilian Tapir , Malayan Tapir, Baird's Tapir e Moutain Tapir.
Base de Dados Tropical
Brazil Nature
IUCN Red List of Threatened Species
segunda-feira, 11 de março de 2013
onça pintada
A onça-pintada (nome científico: Panthera onca), também conhecida por pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguarapinima, jaguaretê, acanguçu, canguçu, tigre[4] e "onça-preta" (somente no caso dos indivíduos melânicos), é uma espécie de mamífero carnívoro da família Felidae encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Ocorria nas regiões quentes e temperadas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, estando, hoje, porém, extinta em diversas partes dessa região. Nos Estados Unidos, por exemplo, está extinto desde o início do século XX, apesar de relatos de que possivelmente ainda ocorre no Arizona.
Se assemelha ao leopardo fisicamente, se diferindo desse, porém, pelo padrão de manchas na pele e pelo tamanho maior. As características do seu comportamento e do seu habitat são mais próximas às do tigre. Pode ser encontrada principalmente em ambientes de florestas tropicais, mas também é encontrada em ambientes mais abertos. A onça-pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, juntamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. É, geralmente, solitária. É um importante predador, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Tem uma mordida excepcionalmente poderosa, mesmo em relação aos outros grandes felinos.[5] Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro.[6][7]
Está ameaçada de extinção e seu número está em queda. As ameaças à espécie incluem a perda e a fragmentação do seu habitat. Embora o comércio internacional de onças ou de suas partes esteja proibida, o felino ainda é frequentemente morto por seres humanos, particularmente em conflito com fazendeiros e agricultores na América do Sul. Apesar de reduzida, sua distribuição geográfica ainda é ampla.
A onça faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo a dos maias, astecas e guarani. Na mitologia maia, apesar de ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros.
Índice [esconder]
1 Etimologia
2 Taxonomia e evolução
2.1 Ancestral asiático
2.2 Subespécies e Variação Geográfica
3 Distribuição geográfica e habitat
4 Descrição
4.1 Melanismo
5 Ecologia e comportamento
5.1 Dieta, forrageamento e caça
5.2 Reprodução
6 Conservação
7 Aspectos culturais
7.1 Culturas mesoamericanas
7.2 Cultura contemporânea
8 Referências
9 Ver também
10 Ligações externas
[editar]Etimologia
"Onça" origina-se do termo grego lygx, através do termo latino luncea e do termo italiano lonza.[4] No Brasil, o nome "onça-pintada" é o mais utilizado, sendo que "pintada" é uma alusão à pelagem cheia de manchas e rosetas, ao contrário da outra "onça", a onça-parda.[4]
"Jaguar" origina-se do termo tupi ya'wara, e pode ser traduzido como "fera" e até "cão", já que o termo era utilizado pelos indígenas para se referir a qualquer "fera" antes da chegada dos europeus.[8] Com a colonização européia e a chegadas dos cães, a palavra passou a ser usada apenas como referência aos cachorros, e "ya'wara-etê" passou a se referir à onça-pintada, originando o termo "jaguaretê".[8] Este último termo significa "fera verdadeira", através da junção de ya'wara (fera) e eté (verdadeiro).[8] "Yaguareté" é um nome usado em países de língua espanhola em que há muitos descendentes dos guaranis, como a Argentina e Paraguai.[8] "Acanguçu" e "canguçu" originam-se do termo tupi akãgu'su, que significa "cabeça grande", através da junção de akanga (cabeça) e usu ("grande").[4] "Jaguarapinima" vem do tupi ya'wara (onça) e pi'nima (pintada)[4]. "Tigre" é um termo de origem iraniana.[4]
A designição "pantera", vem do latim, panthera, que também é o primeiro componente do nome científico. Panthera, em grego, é uma palavra para leopardo, πάνθηρ. A palavra é uma composição de παν- "todos" e θήρ vem de θηρευτής "predador", significando "predador de todos" (animais), apesar de que esta deve ser considerada uma etimologia popular.[9] A palavra deve ter uma origem do Sânscrito, "pundarikam", que significa "tigre".[10]
[editar]Taxonomia e evolução
Muita subespécies foram sugeridas, mas estudos recentes sugerem a existência de três apenas.
A onça-pintada é o único membro do gênero Panthera no Novo Mundo. Filogenias moleculares evidenciaram que o leão, o tigre, o leopardo, o leopardo-das-neves e o leopardo-nebuloso compartilham um ancestral em comum exclusivo, e esse ancestral viveu entre seis e dez milhões de anos atrás; o registro fóssil aponta o surgimento do gênero Panthera entre 2 000 000 e 3 800 000 de anos atrás[11][12]. Estudos filogenéticos geralmente mostram o leopardo-nebuloso como um táxon basal.[11]
Baseado em evidências morfológicas, o zoológo britânico Reginald Pocock concluiu que a onça-pintada é mais próxima ao leopardo[13]. Entretanto, filogenias baseadas no DNA são inconclusivas à posição da onça-pintada em relação às outras espécies do gênero[11]. Fósseis de espécies extintas do gênero Panthera, como o jaguar-europeu (Panthera gombaszoegensis) e o leão-americano(Panthera atrox), mostram características tanto da onça-pintada quanto do leão[13]. Análise do DNA mitocondrial apontam para o surgimento da espécie entre 280 000 e 510 000 anos atrás, bem depois do que é sugerido pelo registro fóssil.[14]
Relações filogenéticas da onça-pintada.[11]
Neofelis nebulosa - pantera-nebulosa
Panthera tigris - tigre
Panthera uncia - leopardo-das-neves
Panthera pardus - leopardo
Panthera leo - leão
Panthera onca - onça-pintada
Filogenia inferida a partir de estudos citogenéticos e moleculares.
[editar]Ancestral asiático
Apesar de habitar o continente americano, a onça-pintada descende de felinos do Velho Mundo. Dois milhões de anos atrás, a onça-pintada e o leopardo, compartilharam um ancestral comum na Ásia.[15] No início do Pleistoceno, os precursores da atual onça atravessaram a Beríngia e chegaram na América do Norte: a partir daí alcançaram a América Central e a América do Sul.[15]
[editar]Subespécies e Variação Geográfica
A última delineação taxonômica foi feita por Pocock em 1939. Baseado em origens geográficas e morfologia de crânio, ele reconheceu oito subespécies. Entretanto, ele não teve acesso a um número suficiente de espécimes para fazer uma análise crítica das subespécies, e expressou dúvida sobre a validade de várias delas. Uma reconsideração posterior reconheceu apenas três subespécies.[16]
Estudos recentes não demonstraram a existência de subespécies bem definidas, e muitos nem reconhecem a existência delas.[17] Larson (1997) estudou a variação morfológica na onça-pintada e demonstrou que existe variação clinal entre a ocorrência sul e norte da espécie, mas a variação dentro das subespécies é maior do que entre elas, e portanto, não há garantia da existência das subespécies.[18] Um estudo genético confirmou a ausência de divisões geográficas entre as populações, apesar de que foi demonstrado que grandes barreiras geográficas, como o rio Amazonas, limita o fluxo gênico entre as populações.[14] Um estudo subsequente, caracterizou mais detalhadamente a variação genética e encontrou diferenças populacionais nas onças da Colômbia.[19]
As divisões de Pocock (1939) ainda são regularmente citadas em muitas decrições do felino. Seymour reconhece apenas três subespécies.[16]
Panthera onca onca: Venezuela através da bacia amazônica, incluindo
P. onca peruviana ("jaguar peruano"): costa do Peru
P. onca hernandesii ("jaguar mexicano"): oeste do México – incluindo
P. onca centralis ("jaguar centroamericano"): El Salvador até Colômbia
P. onca arizonensis (jaguar do Arizona): sul do Arizona até Sonora, México
P. onca veraecrucis: centro do Texas até o sudeste do México
P. onca goldmani ("jaguar de Goldman"): península de Yucatán até Belize e Guatemala
P. onca palustris (a maior subespécie, pesando mais de 135 kg):[20] Ocorre no Pantanal, regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil, ao longo da bacia do rio Paraguai no Paraguai e nordeste da Argentina.
O Mammal Species of the World continua a reconhecer nove subespécies, adicionando P. o. paraguensis.[1]
[editar]Distribuição geográfica e habitat
A onça-pintada vive em uma ampla variedade de habitats, desde campos abertos até florestas densas, mas geralmente, associados a cursos d'água permanentes.
A onça-pintada é presente desde o México, passando pela América Central, até a América do Sul, incluindo toda a bacia Amazônica, no Brasil.[3] Os países que a onça-pintada ocorrem são: Argentina, Belize, Brasil, Bolívia, Colômbia, Costa Rica (particularmente na península de Osa), Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México,Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Estados Unidos e Venezuela. Foi extinta de El Salvador e do Uruguai.[2] Ocorre nos 400 km² do Reserva Natural de Cockscomb em Belize, nos 5 300 km² da Reserva da Biosfera Sian Ka'an, no México, nos 15 000 km² do Parque Nacional de Manú no Peru, nos 26 000 km² do Parque Indígena do Xingu e nos cerca de 1 800 km² do Parque Nacional do Iguaçu, ambos no Brasil, e em muitas outras unidades de conservação ao longo de sua distribuição.
A inclusão dos Estados Unidos na lista é baseada em ocorrências casuais no sudoeste do país, nos estados do Arizona, Texas e Novo México. No início do século XX, a onça-pintada ocorria ao norte até o Grand Canyon e ao oeste até o Sul da Califórnia.[21] Em 1996 e 2004, guardas florestais no Arizona fotografaram e documentaram onças na parte sul do estado. Entre 2004 e 2007, dois ou três onças foram reportadas por pesquisadores ao redor do Refúgio Nacional da Vida Selvagem Buenos Aires no sul do Arizona. Um deles, chamado "Macho B", já havia sido avistado em 1996.[22] Para que exista uma população permanente e viável nos Estados Unidos, a proibição da caça, qa existência de presas, e a conectividade com populações do México são essenciais.[23] Em 25 de fevereiro de 2009, um macho de 53,5 kg foi capturado e marcado em um área a sudoeste de Tucson, que é uma região muito ao norte do que esperado, significando que deva existir alguma população residente no sul do Arizona.[24] Esse ano era o mesmo que foi fotografado em 2004.[24] Em 2 de março de 2009, descobriu-se que esse indivíduo, "Macho B", possuía insuficiência renal, e foi eutanasiado.[25] É a onça-pintada com maior longevidade em estado selvagem.[25]
O muro fronteiriço Estados Unidos-México pode inviabilizar o estabelecimento de populações de onça-pintada nos Estados Unidos, já que pode impedir o fluxo gênico com indivíduos residentes no México.[26]
A ocorrência histórica da espécie inclui a metade sul dos Estados Unidos no limite norte, e quase todo continente sul-americano, no limite sul. Atualmente, sua distribuição ao norte recuou 1 000 km, e ao sul, cerca de 2 000 km. Fósseis de onça-pintada, datados entre 40 000 e 15 000 anos atrás, mostram a ocorrência dessa espécie na era do Gelo até o Missouri.[27]
A onça-pintada habita florestas tropicais na América do Sul e América Central, áreas abertas, e com inundações periódicas, como o Pantanal. Há uma preferência por áreas de floresta densa e chuvosa, sendo escassa em regiões mais secas, como nos pampas argentinos, nas secas savanas do México, e sudoeste dos Estados Unidos.[28] A onça ocorre em florestas tropicais, subtropicais e secas (incluindo, historicamente, as florestas de carvalho nos Estados Unidos). A onça-pintada é dependente de cursos d'água permanentes, vivendo preferencialmente próximo a rios e pântanos, e florestas chuvosas. Não ocorre em altitudes maiores de 3 800 m, e evitam florestas montanas no México e nos Andes.[28]
Existe evidência de que onças-preta e leopardos introduzidos habitam florestas ao redor de Sydney, Austrália. Moradores da região reportaram a presença de um grande predador de cor negra, mas excursões para capturar o animal falharam em encontrar qualquer vestígio. O ecólogo Johannes J. Bauer acredita de que se tem um grande felino na área, é mais provável que seja um leopardo.[29]
[editar]Descrição
A cabeça da onça-pintada é robusta e a mandíbula é extremamente poderosa. O tamanho dos indivíduos tende a ser maior quanto mais longe das regiões equatoriais.
A onça-pintada é um animal robusto e musculoso. Tamanho e peso variam consideravelmente: o peso normalmente está entre 56 a 96 kg. Os maiores machos registrados pesavam até 160 kg (tendo o peso de uma leoa ou tigresa), e as menores fêmeas chegavam a ter 36 kg.[30] As fêmeas são entre 10 a 20 % menores que os machos. O comprimento da ponta do focinho até a ponta da cauda varia de 1,2 m a 1,95 m.[31][17] Sua cauda é a menor dentre os grandes felinos, tendo entre 45 e 75 cm de comprimento. Suas pernas também são curtas, consideravelmente mais curtas se comparadas a um tigre ou leão com mesma massa corporal, mas são mais grossas e robustas. A onça-pintada tem entre 63 a 75 cm de altura, se medida até a altura dos ombros.[32] Comparada ao leopardo, a onça é maior, mais pesada e atarracada.[16]
Variações no tamanho são observadas ao longo das regiões de ocorrência da onça, com o tamanho tendendo a aumentar nos indivíduos nos limites norte e sul da distribuição geográfica, com os menores indivíduos sendo encontrados na Amazônia e regiões equatoriais adjacentes. Um estudo realizado na Reserva da Biosfera Chamela-Cuixmala na costa do Pacífico no México, reportou medidas de massa corporal ao redor de 50 kg, não muito maior que uma suçuarana.[33] Em contraste, no Pantanal, a média de peso foi de cerca de 100 kg, e machos mais velhos não raramente chegavam a pesar mais de 130 kg.[34] Onças que ocorrem em ambientes florestais frequentemente são mais escuras na coloração da pelagem e menores do que aquelas encontradas em regiões de campos abertos (como no Pantanal), possivelmente, devido ao menor número de presas de grande porte em florestas.[28]
A forma corporal atarracada e robusta torna a onça-pintada capaz de nadar, rastejar e escalar.[32] A cabeça é grande e a mandíbula é desenvolvida e forte. A onça-pintada possui a mordida mais forte de todos os felinos, capaz de alcançar até 910 kgf. É duas vezes a força da mordida de um leão e só não é maior que a da mordida de uma hiena; tal força é capaz de quebrar o casco de tartarugas.[6] Um estudo comparativo colocou a onça-pintada como em primeiro lugar em força de mordida, ao lado do leopardo-das-neves, e à frente do leão e do tigre.[35] É dito que uma onça é capaz de arrastar um touro de até 360 kg por 8 m e quebrar ossos com as mandíbulas.[36] A onça-pintada caça grandes herbívoros de até 300 kg em florestas densas, como a anta, e seu corpo forte e atarracado é uma adaptação a esse tipo de presa e ambiente. A cor de fundo da pelagem da onça é uma amarelo acastanhado, mas pode chegar ao avermelhado e marrom e preto, para todo o corpo.[32] As áreas ventrais são brancas.[32] A pelagem é coberta por rosetas, que servem como camuflagem, usando o jogo de luz e sombra do interior de florestas densas. As manchas variam entre os indivíduos: rosetas podem incluir um ou várias pontas em seu interior, e a forma das pintas também pode variar. As manchas e pintas da cabeça e pescoço costumam ser sólidas, e na cauda, elas se unem, de forma a aparecer bandas.
Enquanto a onça-pintada lembra o leopardo, além dela ser maior e mais robusta, as rosetas são diferentes nessas duas espécies: as rosetas da pelagem da onça-pintada são maiores, menos numerosas, mais escuras, são formadas por linhas mais grossas e possuem pintas no meio delas, que não são encontradas nas rosetas do leopardo. As onças também possuem cabeças maiores e arredondadas, e membros mais atarracados se comparados com os do leopardo.[37]
[editar]Melanismo
Variedades melânicas da onça-pintada ocorrem com uma frequência de 6% nas populações selvagens.
Polimorfismo na cor ocorre na espécie. Variedades melânicas são frequentes. Em indivíduos totalmente pretos, quando visto sob a luz e de perto, é possível observar as rosetas.
A forma totalmente preta (chamada de onça-preta) é mais rara que a forma de cor amarelo-acastanhado, representando cerca de 6 % da população, o que é uma frequência muito maior do que a taxa de mutação.[38] Portanto, a seleção natural contribuiu para a frequência de indivíduos totalmente negros na população. Existem evidências de que o alelo para o melanismo na onça-pintada é dominante.[39] Ademais, a forma melânica é um exemplo de vantagem do heterozigoto; mas dados de cativeiro não são conclusivos quanto a isso.
Apesar de ser conhecida popularmente como onça-preta, é apenas uma variação natural, não sendo uma espécie propriamente dita.
Indivíduos albinos são muito raros, e foi reportada a ocorrência na onça-pintada, assim como em outros grandes felinos.[28] Como é usual com o albinismo na natureza, a seleção natural mantém a frequência da característica próxima à taxa de mutação.
[editar]Ecologia e comportamento
[editar]Dieta, forrageamento e caça
A onça-pintada tem uma mordida excepcionalmente forte que permite quebrar cascos de tartarugas.
Como todos os felinos, a onça-pintada é um carnívoro obrigatório, se alimentando somente de carne. É um caçador oportunista, e sua dieta inclui até 87 espécies de animais. A onça pode predar, teoricamente, qualquer vertebrado terrestre ou semi-aquático nas Américas Central e do Sul, com preferência por presas maiores. Ela regularmente preda jacarés, veados, capivaras, antas, porcos-do-mato, tamanduás e até mesmo sucuris.[40][41][16] Entretanto, o felino pode comer qualquer pequena espécie que puder pegar, como ratos, sapos, aves (principalmente mutuns), peixes, preguiças, macacos e tartarugas; um estudo conduzido no Santuário de Cockscomb, em Belize, revelou que a dieta das onças era constituída principalmente por tatus e pacas.[42] Em áreas mais povoadas ou com grande número de pecuaristas, a onça-pintada preda o gado doméstico, e muitas vezes parece ter um preferência por esse tipo de presa (no Pantanal, foi constatado que até 31,7% de sua alimentação era constituída por bezerros de gado bovino).[41][43]
A onça-pintada geralmente mata com uma mordida no pescoço, sufocando a presa, como é típico entre os mesmo do gênero Panthera, mas às vezes ela mata por uma técnica única entre os felinos: ela morde o osso temporal no crânio, entre as orelhas da presa (especialmente se for uma capivara) com os caninos, acertando o cérebro.[44] Isto também permite quebrar cascos de tartaruga, após as extinções do Pleistoceno, quelônios podem ter se tornado presas abundantes em seu habitat.[28][45] A mordida na cabeça é empregada em mamíferos, principalmente, enquanto que em répteis, como jacarés, a onça-pintada ataca o dorso do animal, acertando a coluna cervical, imobilizando o alvo. Embora capaz de rachar o casco de tartarugas, a onça pode simplesmente esmagar o escudo com a pata e retirar a carne.[46] Quando ataca tartarugas-marinhas que vão nidificar na praia, a onça ataca a cabeça, e frequentemente decapita o animal, antes de arrastá-la para comer.[47] Ao caçar cavalos, a onça pode pular sobre o dorso, colocar uma pata no focinho e outra na nuca, de forma de deslocar o pescoço. Moradores de ambientes em que ocorre a onça-pintada já contaram anedotas de uma onça que atacou um par de cavalos, e depois de ter matado um, ainda arrastou o outro, ainda vivo.[48] Em presas pequenas, como pequenos cães, uma pancada forte com as patas é suficiente para matar.
Ilustração de uma onça-pintada matando uma anta, o maior animal terrestre de sua distribuição geográfica.
A onça-pintada caça em espreita e formando emboscadas, perseguindo pouco a presa. O felino anda de forma lenta, ouvindo e espreitando a presa, antes de armar a emboscada ou atacá-la. Ela ataca por cima, através de algum ponto cego da presa, com um salto rápido: as habilidades de espreita e emboscada dessa espécie são consideradas inigualáveis tanto por povos indígenas quanto por pesquisadores, e tal capacidade deve derivar do papel de ser um superpredador nos ambientes em que vive. Quando arma a emboscada, a onça pode saltar na água enquanto persegue a presa, já que é capaz de carregar grandes presas nadando, sua força permite levar novilhos para a copa das árvores.[46]
Após matar a presa, a onça arrasta a carcaça para alguma capoeira ou outro lugar seguro. Começa a comer pelo pescoço e peito, em vez de começar pelo ventre. O coração e pulmões são consumidos, seguidos pelos ombros.[46] O requerimento diário de comida de um indivíduo com 34 kg (que é menor peso encontrado em um indivíduo adulto) é de 1,4 kg.[21] Para animais em cativeiro, pesando entre 50 a 60 kg, mais de 2 kg de carne são recomendados.[49] Em liberdade, o consumo é naturalmente mais irregular: felinos selvagens gastam considerável energia e tempo para obter alimento, e podem comer até 25 kg de carne de uma só vez, seguidos por longos períodos sem se alimentar.[50] Ao contrário das outras espécies do gênero Panthera, a onça-pintada raramente ataca seres humanos. Muitos dos escassos casos reportados mostram que tratavam-se de indivíduos velhos ou feridos, com dentes danificados. Às vezes, se feridas ou ameaçadas, as onças podem atacar os tratadores em zoológicos.[51]
[editar]Reprodução
Onça fêmea pegando o seu filhote
As onças-pintadas são solitárias e só buscam a companhia de um par durante a época de acasalamento. A gestação dura em média 100 dias e até quatro filhotes podem ser gerados.
Os machos atingem a maturidade sexual em torno dos três anos, e as fêmeas, com dois anos. Em cativeiro, as onças vivem até os vinte anos; já a expectativa de vida para as onças selvagens cai pela metade.
Na época reprodutiva, as onças perdem um pouco os seus hábitos individualistas e o casal demonstra certo apego, chegando inclusive a haver cooperação na caça. Normalmente, o macho separa-se da fêmea antes dos filhotes nascerem. Em geral nascem, no interior de uma toca, dois filhotes - inicialmente com os olhos fechados. Ao final de duas semanas abrem os olhos e só depois de dois meses saem da toca. Quando atingem de 1,5 a 2 anos, separam-se da reprodutora, tornando-se sexualmente maduros e podendo assim se reproduzirem.
[editar]Conservação
Onça-preta
Atualmente, é classificada, pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, como "quase ameaçada", visto sua ampla distribuição geográfica[2]. A caça é proibida na maior parte dos países onde ocorre a espécie: Argentina, Colômbia, Guiana Francesa, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Venezuela, Estados Unidos e Uruguai; sendo que a caça de "animais-problemas" (aqueles que atacam o gado doméstico) é permitida no Brasil, Costa Rica, Guatemala, México e Peru[34]. Na Guiana e no Equador, a espécie carece de proteção legal [34].
Estudos detalhados realizados pela Wildlife Conservation Society mostraram que a espécie perdeu 37 por cento da sua distribuição histórica, e possui um status de conservação desconhecido em 17 por cento da sua área de ocorrência atual. Encorajador para a conservação da espécie, é de que a probabilidade de sobrevivência a longo prazo é considerada alta em 70 por cento de seu habitat, notadamente nas regiões da Amazônia, do Gran Chaco e do Pantanal [3]. As maiores ameaças a onça-pintada são a fragmentação de seu habitat e a caça [2]. Em áreas mais antropizadas, atropelamentos em rodovias que cortam unidades de conservação são também fatores que diminuem significativamente as populações.[52][53]
A caça para obtenção para o comércio de peles já foi um grande problema na conservação da espécie: na década de 1960, houve uma diminuição significativa no número de indivíduos, pois anualmente mais de 15 000 peles foram exportadas ilegalmente da Amazônia Brasileira. A implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, em 1973, resultou numa forte queda do comércio de peles [54].
Entretanto, é a caça por parte de fazendeiros, que considera o animal uma ameaça às criações de gado, uma das atividades que mais tem contribuído para extinções locais da espécie [34]. Em áreas próximas a grandes populações humanas, como em Guaraqueçaba, as onças-pintadas acabam mostrando uma preferência pelo gado doméstico, talvez por uma diminuição na densidade populacional de suas presas habituais, o que acaba incomodando os criadores de gado.[43]
Suas populações variam bastante ao longo de toda sua distribuição geográfica, tal como seu grau de extinção. Em Belize, estimou-e que existiam cerca de 600 a mil onças no país; no México, há variação do grau de conservação ao longo do país , sendo que, em 1990, por exemplo, na província de Chiapas, havia 350 onças; e, por fim, existiam entre 465-550 na Reserva da Biosfera Maya na Guatemala[34]. No Brasil, é considerada "vulnerável" pela lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, entretanto, seu status de conservação varia pelo país, sendo considerada "criticamente em perigo" no estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro [55][56], o que alerta para uma extinção da espécie nesses estados em um futuro muito próximo. As maiores populações brasileiras encontram-se na Amazônia e no Pantanal (apesar dos dados serem insuficientes e difíceis de se obter), sendo que, em outros biomas, como na caatinga (com uma estimativa de 356 animais no total) e Mata Atlântica, a situação é crítica[57][56]. Na Mata Atlântica, a espécie está restrita a unidades de conservação, e em número muito reduzido: no Parque Nacional do Iguaçu, um dos últimos locais no sul do Brasil onde ela ainda é encontrada, estima-se que existam no máximo 12 indivíduos [53].
As estratégias de conservação da onça-pintada são dificultadas pela intensa fragmentação de seu habitat em algumas regiões. Algumas unidades de conservação em que existem onças estão isoladas e abrigam um número muito reduzido de indivíduos. É necessário que se criem "corredores" unindo tais unidades de conservação, impedindo, inclusive, que os animais precisem sair de áreas florestadas e causar problemas às populações rurais [58][3][59]. Foi criada a iniciativa, idealizada por Alan Rabinowitz, de que se una todas as áreas de ocorrência da onça-pintada, desde o norte do México até a América do Sul, constituindo o chamado Paseo del Jaguar [59][58].
[editar]Aspectos culturais
o guepardo
Acinonyx jubatus é o nome científico da chita ou guepardo, também conhecido como lobo-tigre, leopardo-caçador ou onça-africana, um animal da família dos felídeos (Felidae), ainda que de comportamento atípico, se comparado com outros da mesma família. É a única espécie vivente do gênero Acinonyx. Tendo como habitat a savana, vive na África, península Arábica e no sudoeste da Ásia. Fisicamente, é significativamente parecido com o leopardo. As almofadas das patas da chita têm ranhuras para se moverem melhor em alta velocidade, e sua longa cauda serve para lhe dar estabilidade nas curvas em alta velocidade. Cada chita pode ser identificada pelo padrão exclusivo de anéis existentes em sua cauda, tem uma cabeça pequena e aerodinâmica e uma coluna incrivelmente flexível, são habilidades que ajudam bastante na hora da perseguição.
É um animal predador, preferindo uma estratégia simples: caçar as suas presas através de perseguições a alta velocidade, em vez de tácticas como a caça por emboscada ou em grupo, mas por vezes, pode caçar em dupla. Consegue atingir velocidades de 100 a 105 km/h, por curtos períodos de cada vez (ao fim de 400 metros de corrida), sendo o mais rápido de todos os animais terrestres, porém em uma certa ocasião, avistou-se um guepardo que correu atrás de sua presa por 640 metros em 20 segundos, (medidos com um cronômetro), e 73 metros em aproximadamente dois segundos - 115,2 e 131,4 km/h respectivamente.[3]
O corpo da chita é esbelto, musculado e esguio, ainda que de aparência delgada e constituição aparentemente frágil. Tem uma caixa torácica de grande capacidade, um abdómen retraído e uma coluna extremamente flexível. Tem uma cabeça pequena, um focinho curto, olhos posicionados na parte superior da face, narinas largas e orelhas pequenas e arredondadas. O seu pêlo é amarelado, salpicado de pontos negros arredondados, e na face existem duas linhas negras, de cada lado do focinho, que descem dos olhos até à boca, formando de fato um trajecto de lágrimas. Um animal adulto pode pesar entre 28 e 65 kg. O comprimento total do corpo varia de 112 a 150 cm. O comprimento da cauda, usada para equilibrar o corpo do animal durante a corrida, pode variar entre 62 e 85 cm.
Índice [esconder]
1 Etimologia e nomes comuns
2 Distribuição geográfica e habitat
3 Características
4 Comportamento
4.1 Em relação às fêmeas
4.2 Em relação aos machos
4.3 Maneiras de se comunicar
5 Hábitos alimentares e dieta
6 Reprodução
7 Classificação
7.1 Subespécies
7.2 Guepardo asiático
7.3 Guepardo "Real"
7.4 História evolutiva
8 Estado de conservação
8.1 Importância econômica
9 Referências culturais
9.1 Notas
10 Bibliografia
11 Ver também
12 Ligações externas
[editar]Etimologia e nomes comuns
O nome do género biológico, Acinonyx, significa, em latim, "garras imóveis", já que é o único felídeo que não as consegue retrair por completo, permanecendo visíveis mesmo quando recolhidas ao máximo, sendo usadas para permitir uma maior aderência ao solo enquanto corre, acelera e manobra no terreno, porém, os filhotes conseguem subir em árvores por terem as garras mais finas. O epíteto específico, "jubatus", significa em latim "com juba", e se refere às crinas que as crias da chita apresentam.
A palavra "chita", de som semelhante à palavra inglesa cheetah, deriva da língua hindi chiita que, por seu lado, talvez derive do sânscrito chitraka, que significa "salpicada de manchas". Outras línguas europeias relevantes usam variantes do latim medieval "gatus pardus", ou seja, "gato-leopardo": guépard (francês); Gepard (alemão, russo); jachtluipaard (holandês); guepardo; onza ou leopardo cazador (espanhol); ghepardo (italiano).
[editar]Distribuição geográfica e habitat
Guepardo
Encontram-se chitas no estado selvagem apenas na África, Irã e península Arábica[4] e Afeganistão ainda que no passado se distribuíssem até ao norte da Índia e ao planalto iraniano, onde eram domesticadas e usadas na caça ao antílope, de forma semelhante ao que se faz actualmente com os galgos, (especialmente da raça greyhound). Atualmente no continente asiático, só existem chitas selvagens no Irã e no Afeganistão, mas trata-se de uma população extremamente pequena (em torno de 3 000 exemplares no início do século XXI, sem contar algumas populações isoladas e as que vivem em zoológicos). É ameaçada pela pressão humana, sob a forma da caça e do pastoreio, o qual reduz o número de presas, (gazelas) disponíveis, mas por incrível que pareça, o homem não é o maior responsável por isso, pois leões e hienas fazem uma ferrenha competição com o guepardo, sendo que de vez em quando roubam a presa abatida pelo guepardo. Acrescente-se ainda que a área de ocorrência do chita no Irã encontra-se em região remota, próxima à fronteira com o Afeganistão, onde as forças de segurança iranianas tem dificuldade de penetrar devido à presença de gangues que praticam o contrabando e o tráfico de heroína. As chitas preferem habitar biótopos caracterizados pelos espaços abertos, como semi-desertos, pradarias e a savana africana.
Têm uma variabilidade genética geralmente baixa, além de uma contagem de esperma anormalmente alta. Pensa-se que foram obrigadas a um período prolongado de procriação consanguínea depois de passarem por um evento populacional designado por efeito de gargalo genético. Eles são uma espécie rara e importante, além de serem seres bonitos e rápidos, são muito caçados, principalmente para fazer casacos de pele e tapetes luxuosos.
[editar]Características
As chitas medem até 85 cm de altura e 2 m de comprimento, (incluindo a cauda).
Possui algumas características que os distingue de outras espécies de felinos, nomeadamente não são capazes de retrair as garras, tem pernas mais compridas e a cabeça menor, chegando a lembrar um cão.
Alcançam velocidades de 100 a 105 km/h, em corridas que duram geralmente de 250 a 640 metros.[5]
Os cuidados parentais duram apenas nos primeiros dois anos de vida, ensinando as crias a caçar durante esse período de dependência.
Além da velocidade, outra ótima qualidade do guepardo é a sua excelente visão; algumas vezes os guepardos caçam durante a noite.
O guepardo não forma bandos para caçar como os leões, mas os machos se juntam às vezes para caçar em pequenos grupos, especialmente se nasceram na mesma ninhada, casais também podem usualmente caçar juntos.[6]
O guepardo é um animal muito social, e um dos fatos que comprovam este fato, é que eles costumam lamber uns aos outros para se manterem limpos.
[editar]Comportamento
[editar]Em relação às fêmeas
Mãe com o seu filhote
Uma certa análise da genética das chitas, na Tanzânia, África, apontou que as fêmeas da espécie são extremamente "promíscuas". Cientistas das cidades de Londres, Nova York, Arusha e Bangcoc analisaram o DNA coletado de amostras de fezes de cerca de 176 guepardos, ou chitas, e ao longo de um período que durou nove a dez anos no Parque Nacional do Serengueti na África. Foi constatado que 45% de 47 ninhadas continham o DNA de mais de 2 pais. Segundo Dada Gottelli, da Sociedade Zoológica de Londres, isto pode acarretar em diversas doenças aos indivíduos da espécie. Ainda segundo Gottelli, tais estatísticas poderiam ser muito maiores já que a equipe de cientistas não conseguiu analisar mais amostras de fezes. "Os filhotes de chitas sofrem uma alta taxa de mortalidade nas primeiras semanas de vida, então é difícil pegar amostras de todos eles", afirmou Gottelli, zoóloga.
O fato de terem ninhadas com o DNA de vários pais pode ameaçar a diversidade genética da espécie, que normalmente é baixa.
Guepardo em uma reserva africana
"Se os filhotes são mais variados em termos de genética, isso permitirá que eles se adaptem muito bem e se desenvolvam em diferentes circunstâncias na natureza", disse Gottelli, zoóloga.
A população é estimada acima de 12 000 animais, porém eles enfrentam ameaças como a perda de seu habitat e a caça clandestina, mas por incrível que pareça, o homem não é o maior responsável pelas mortes de guepardos, embora contribua muito para tal. De certa forma, os "culpados" são os leões e as hienas, que chegam a matar as chitas por causa de presas já abatidas. A altíssima infidelidade entre a maioria de chitas fêmeas, também poderá ajudar a proteger os filhotes do ataque de alguns machos (alguns costumam comer os próprios filhotes se não estiverem vigiados constantemente pela mãe).
"Esta pesquisa não foi feita entre os guepardos localizados em zona selvagens, somente com os exemplares de Zoológico e os de reservas naturais, como foi constatado com vários leões e leopardos, também na Tanzânia", África, contou Gottelli, zoóloga.[7]
Guepardos na cratera de Ngorongoro
[editar]Em relação aos machos
Os machos da espécie são muito sociáveis e são preparados para a vida social formando grupos quando jovens. Esses grupos são chamados coligações. A coligação como um todo contribui para unir os membros do grupo. Os machos são muito territoriais. O tamanho do território, também depende dos recursos que estiverem disponíveis, podendo variar de 37 a 160 km². Machos costumam marcar seus territórios urinando em objetos como árvores, troncos e rochas por exemplo. Os machos tentam matar qualquer intruso que o mesmo possa expulsar, e as lutas variam de lesões leves até a morte.
Machos de guepardo adotam os filhotes perdidos ou órfãos de outros guepardos e os criam como se fossem seus próprios filhotes, eles fazem o papel de pai e mãe. Algo extremamente incomum no reino animal, principalmente entre os guepardos, já que os machos costumam matar seus próprios filhotes, isto se a mãe não estiver sob uma vigília constante. Os guepardos machos são completamente ausentes na criação dos filhotes, ficando com as fêmeas somente na época do acasalamento, o que de certa forma contribui para a relativamente baixa variabilidade genética dos guepardos, já que vários filhotes possuem um mesmo pai.
[editar]Maneiras de se comunicar
Guepardo no Quénia
O guepardo não pode rugir, ao contrário de outros grandes felinos, porém possui as seguintes vocalizações:
Pios: Quando os guepardos tentam encontrar uns aos outros, ou a mãe tenta localizar as crias, utiliza um chamado de alta-frequência, quase latindo. O pios são feitos pelos filhotes de guepardos, quando tentam encontrar a mãe.
"Gagueira": Esta vocalização é emitido por um guepardo durante encontros sociais. Uma "gagueira" pode ser vista como um convite a outros guepardos, uma expressão de interesse, a incerteza, apaziguamento, ou durante as reuniões com o sexo oposto.
Rosnado: Acontece quando o guepardo se sente ameaçado, e quer se proteger de algum predador, embora a defesa mais usada pelo guepardo seja correr.
Ronrono: Esta é uma versão mais "amigável" do rosnado, normalmente é apresentado quando perigo se afasta. Observação: A chita é o único dos grandes felinos que consegue ronronar.
[editar]Hábitos alimentares e dieta
Chita comendo um impala
A chita é um animal carnívoro. Alimenta-se essencialmente de mamíferos abaixo dos 40 kg, incluindo gazelas, antílopes, zebras, impalas, filhotes de gnu, lebres, aves e quando tem vontade, pode comer até insetos. A presa é seguida, silenciosa e vagarosamente, numa distância que varia, em média, de dez a trinta metros, até ser atacada de surpresa. A perseguição que se segue dura geralmente menos de um minuto ou um minuto, durando no máximo um minuto e meio, e se a chita falha uma captura rápida, desiste, com o intuito de não gastar energia desnecessariamente, pois seu corpo superaquece, porém, mais da metade dos ataques são vitoriosos, 70% em média, ficando atrás apenas do cão-selvagem-africano, que obtém 80% de sucesso em suas caçadas. Durante a caça, o guepardo pode atingir por volta de 115 a 120 km/h em apenas 4 segundos, isso equivale a aceleração de um carro de Fórmula 1. Com isso, após a caça, a chita fica exausta, o que facilita a perda da presa capturada para animais como a hiena e o leão por exemplo. Depois que o guepardo pega a presa, leões e hienas percebem o cheiro de carne fresca e vêm disputá-la com o guepardo. Ele, muitas vezes, sai de perto, discretamente, evitando brigas, pois é mais fraco que estes outros animais.
[editar]Reprodução
Chita em um zoo
Guepardo-da-áfrica-central (Acinonyx jubatus soemmeringii)
Os machos atingem a maturidade sexual a partir dos dois anos e meio ou três anos. A fêmea, um pouco mais precoce (dois anos) pode gerar de um a seis filhotes, depois de uma gestação de 90 a 95 dias. As crias podem pesar entre 150 e 300 gramas e nascem cegos, completamente indefeso. O desmame ocorre cerca de seis meses após o parto e, entre os 13 e 20 meses, abandonam a guarda da mãe para passarem a ter uma vida independente. Ao contrário de outros felinos, as fêmeas não têm um verdadeiro território próprio e demarcado, parecendo, no entanto, evitar a presença das outras. Os machos podem, eventualmente, juntar-se em grupos, especialmente se nasceram na mesma ninhada. Os guepardos, ou chita, não se reproduzem bem em cativeiro. Uma das principais preocupações dos guepardos é com os seus filhotes: é muito comum eles serem comidos por felinos mais fortes, como os leões e outros animais, como a hiena por exemplo. Tais encontros perigosos não são raros, de forma que a mãe guepardo tem de distrair o predador em questão chamando a atenção para si enquanto os filhotes fogem para um local mais seguro. A tática é funcional visto que sua habilidade e velocidade favorecem as manobras de esquiva de possíveis ataques do agressor.
A chita pode viver de 15 a 20 anos sob as condições de alimentação e reprodução normais.
[editar]Classificação
Dois guepardos
[editar]Subespécies
Guepardo asiático, (Acinonyx jubatus venaticus), que também está presente no Norte da África (Argélia, Djibuti, Egito, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Tunísia e Saara Ocidental) e na Ásia (Afeganistão, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Omã, Paquistão, Arábia Saudita, Síria, e em uma pequena parte da Comunidade dos Estados Independentes).
Guepardo-do-noroeste-africano, (Acinonyx jubatus hecki), presente na África Ocidental (Gana, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal) (Benim, Burkina Faso, Gana, Mali, Mauritânia, Níger. Senegal, Benin e Burkina Faso).
Guepardo da áfrica ocidental, (Acinonyx jubatus raineyii), encontrada na África Oriental (Quênia, Somália, Tanzânia e Uganda).
Guepardo do sul da áfrica, (Acinonyx jubatus jubatus), situadas no Sul da África (Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Moçambique, Malawi, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué e Namíbia).
Guepardo da áfrica central, (Acinonyx jubatus soemmeringii), pode ser encontrada na África Central, nos (Camarões, Chade, República Centro-Africana, Etiópia, Nigéria, Níger e Sudão).
Antigamente, os faraós, sultões e Babilônios usavam o guepardo como cão-de-guarda e para caçar antílopes, como se fossem galgos. A subespécie de guepardo mais ameaçada atualmente é a asiática, com pouco mais de 300 exemplares vivendo livremente na natureza, sem contar as populações isoladas e os exemplares que vivem em zoológicos espalhados ao redor do mundo, porém, ainda são estatísticas alarmantes.
[editar]Guepardo asiático
Ver artigo principal: Guepardo asiático
Ilustração de um guepardo asiático
O guepardo asiático, também conhecido como chita asiática (Acinonyx jubatus venaticus), é uma das mais raras e principais subespécies de guepardo, que é endêmica do Irã, embora seja vista com muita dificuldade em outros países do oriente médio, e também já teve como habitat o norte da África e a Índia. Está ameaçada pela caça e destruição do habitat. Restam cerca de 300 exemplares nas zonas áridas do Irã, sem contar algumas populações isoladas, (dados de 2006). Atualmente existe um programa para proteger o guepardo asiático, que é sediado no Irã.[4]
A Ásia é o lar do guepardo asiático e do leopardo-persa que também adota o deserto iraniano como lar. O Irã está actualmente desenvolvendo um programa para proteger a espécie. Como o tópico acima diz, na Índia já foram extintos, devido a intensa caça clandestina. De acordo com uma pesquisa recente permanecem de 400 a 450 exemplares.
É evidente que continue a investigação para a monitoração do guepardo asiático, e a instalação de uma câmera com o fim de estudar mais profundamente a subespécie. O leopardo-persa, apesar de sua situação (com aproximadamente mil exemplares atualmente), ainda corre grave perigo. Junto ao leopardo-persa, o guepardo asiático é o único grande gato que ainda sobrevive no Oriente-médio. Anteriormente o leão também habitava a região.[8]
[editar]Guepardo "Real"
Guepardo "real" - note seu padrão peculiar e característico de pelagem
Por um bom tempo foi classificado erroneamente como uma nova subespécie, Acinonyx rex, (conhecido como King Cheetah em Inglês). Pensava-se que era realmente uma nova subespécie, quando, na realidade, trata-se de uma mutação que torna o sua pelagem diferente dos guepardos "comuns", que ao invés das tradicionais manchinhas redondas, existem manchas igualmente redondas, só que maiores e formando pequenas listras, e daí o nome científico Acinonyx rex, que hoje é considerado como inválido.[9] Os nativos chamam este tipo de guepardo como "leopardo-hiena", e é considerado um animal sagrado pelos nativos, praticamente tanto quanto o leão branco.
O gene recessivo tem de estar presente em ambos os pais, pois a característica está no gene que se manifesta, e esta é apenas uma das razões por que é tão raro tanto na natureza, quanto nos jardins zoológicos. A primeira aparição do guepardo "real" foi no Zimbábue, no ano de 1926. Leia os primeiros relatos do guepardo "real" de que se tem notícia: manchas alongadas e fundidas, formando padrões irregulares, inclusive alterando espessura do pelo; Listras longas ao longo da coluna estendendo-se até à cauda; Como já mencionado no parágrafo acima, é geralmente encontrado no Zimbábue, onde foi registrada sua primeira aparição, nota-se também que é onde se encontra a maioria dos guepardos "reais", guepardos "reais" e guepardos "normais" podem ocorrer em uma mesma ninhada, pois o gene recessivo pode estar presente em guepardos "normais". Este tipo de guepardo é também um pouco maior que os guepardos "comuns".
Filhote de guepardo
[editar]História evolutiva
Teriam evoluído na África durante a época Miocena (de há 26 milhões a 7,5 milhões anos atrás), antes de migrarem para a Ásia. Espécies extintas actualmente incluíam a Acinonyx pardinensis (da época Pliocena), muito maior que a chita actual, encontrada na Europa, Índia e China; a Acinonyx intermedius (Pleistoceno médio), com a mesma distribuição geográfica; a Miracinonyx inexpectatus, Miracinonyx studeri, Miracinonyx trumani (ao longo de todo o Pleistoceno), também chamado de chita americana, cujos fósseis foram encontrados na América do Norte, como diz o próprio nome, e a Acinonyx kurteni, do período plioceno, encontrado na China.
Guepardo descansando
Aventou-se recentemente, no entanto, que o gênero norte-americano Miracinonyx seria um exemplo de convergência evolutiva, constituindo-se então, não num parente próximo da atual chita, mas numa forma corredora do puma, ou suçuarana como é chamada no Brasil.
[editar]Estado de conservação
As crias de guepardo sofrem de elevados índices de mortalidade devido a factores genéticos e à predação por parte de carnívoros que competem com esta espécie, como o leão e a hiena. Alguns biólogos defendem a teoria de que, em resultado da procriação consanguínea, o futuro da espécie possa estar comprometido, mas atualmente, alguns cientistas estão recuperando a diversidade da chita por meio de Engenharia Genética. As chitas estão incluídas na lista de espécies vulneráveis da IUCN (no português, União Internacional pela Conservação da Natureza), como espécie africana ameaçada e subespécie asiática em situação crítica.
Guepardos em zoológico
É considerada uma espécie vulnerável no Apêndice I da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção). Existem aproximadamente 12 400 guepardos na África, distribuidos em 25 países, e vivendo em estado selvagem. Em relação ao tamanho territorial, a Namíbia possui 2.500 indivíduos, o maior número que atualmente pode ser apresentado. A Namíbia também possui o maior número de chitas saudáveis e como consequência, com uma boa diversidade genética, um quesito que os guepardos são carentes por razão do efeito de gargalo sofrido pela espécie.
[editar]Importância econômica
A pele do guepardo, ou chita como é conhecido este felino, foi durante muito tempo, considerada como um símbolo de status. No Egito antigo era muito frequente a sua utilização como animal de estimação, já que os mesmos podem ser domesticados, com cautela, claro, por tratar-se de um animal selvagem. Hoje têm uma importância económica crescente devido ao ecoturismo, além de se encontrarem vários exemplares distribuídos por jardins zoológicos em todo o mundo. Como são muito menos agressivos que outros felinos de grande porte, as crias são facilmente vendidas como animais de estimação, principalmente na África, já que na Ásia é mais dificil de se capturar os filhotes devido a proteção que tem, principalmente no Irã, (na Ásia os guepardos são bem mais protegidos a este tipo de tráfico).
Guepardo em zoológico da Alemanha
Este comércio é ilegal, já que a propriedade privada de animais selvagens ou espécies ameaçadas de extinção é proibida pelas inúmeras convenções internacionais. O guepardos foram perseguidos e caçados durante muito tempo pelos agricultores e pastores que os acusavam de matar os rebanhos. Quando tal espécie começou a ficar ameaçada de extinção, (vulnerável), promoveram-se inúmeras campanhas com o intuito de informar e educar ambiental e mentalmente os fazendeiros, incentivando-os a proteger este animal, e não matá-lo. O guepardo asiático também foi muito caçado, o que contribuiu para a diminuição desta subespécie, o motivo para esta excessiva caça também era cobiçada pele, e como consequência, atualmente está em perigo crítico de extinção com pouco mais de 300 a 450 exemplares vivendo na natureza e muitos outros vivendo em vários zoológicos do mundo. Recentemente, guepardos asiáticos foram localizados para serem colarizados e monitorados, no Irã, para asegurar o futuro desta subespécie de guepardo.[10]
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